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Mostrando postagens de junho, 2012

Garrafa (Waly Salomão)

Vá dizer aos camaradas Que fui para o alto-mar E que minha barca naufraga. Leme partido. Casco arrombado. Sem farol afunda Nas pedras dos arrecifes. Bandeira aos farrapos. Nenhuma estrela-guia Célere desce lá do céu para minha companhia. Destroços: proa, velame, quilha, prancha, rede-de-pescar, arpão, bússola, astrolábio, boia, sonar... Que fui para o alto-mar E que Medina e Meca já não significam mais nada para mim. Entrevado Vista Turva Porto nenhum avisto Nas trevas da cerração. Pelejo entre os vagalhões e as rocas, Não apuro os nós de lonjuras das seguras docas Tampouco os altos e baixos relevos das pedras que roncam ais no quebra-mar do cais Ou dos tapetes de mijo e de restos de peixes E patas de caranguejos e frutas podres Tecidos pelas alpercatas e os pés nus sobre a rampa do Mercado-Modelo. Um marinheiro conserta sua embarcação - corpo de intempestiva casa - Em pleno alto-mar aberto Vá dizer aos meus amigos. SALOMÃO, Waly. Tarifa de