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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Habitar o Flamenco - João Cabral de Melo Neto

Como se habita uma cidade Se pode habitar o flamenco; como sua cidade, seus nativos, Seus bairros, sua moral, seu tempo. Sua linguagem: um falar com coisas E jamais do oito mas do oitenta; Seus nativos: toda uma gente Que existe espigada e morena; Seus bairros: todos os sotaques Em que divide seus acentos; Sua moral: a vida que se abre E se esgota num instante intenso; Seu tempo: borracha que estica Em segundos de passar lento, Lendo de sesta, sesta insone Em que se está aceso e extremo.