A Era (Ossip Mandelstam)
A Era (Ossip Mandelstam) Minha era, minha fera, quem ousa, Olhando nos teus olhos, com sangue, Colar a coluna de tuas vértebras? Com cimento de sangue - dois séculos - Que jorra da garganta das coisas? Treme o parasita, espinha langue, Filipenso ao umbral de horas novas. Todo ser enquanto a vida avança Deve suportar esta cadeia Oculta de vértebras. Em torno Jubila uma onda. E a vida como Frágil cartilagem de criança Parte seu ápex: morte da ovelha, A idade da terra em sua infância. Junta as partes nodosas dos dias: Soa a flauta, e o mundo está liberto, Soa a flauta, e a vida se recria. Angústia! A onda do tempo oscila Batida pelo vento do século. E a víbora na relva respira O ouro da idade, áurea medida. Vergônteas de nova primavera! Mas a espinha partiu-se da fera, Bela era lastimável. Era, Ex-pantera flexível, que volve Para trás, riso absurdo, e descobre Dura e dócil, na meada dos rastros, As pegadas de seus próprios passos. 1923 (Tradução de Haro